Retrato da Angélica Bueno

Nome: Angélica Bueno

Negócio: HLC 

Área de negócio: Moda, artesanato e cultura urbana.

Bairro/Município: Nova Iguaçu/ Baixada Fluminense. 

Contato: (21) 968789608.

Angelica Bueno, mãe, filha e uma mulher sempre a frente de seu tempo. 

Desde muito jovem tinha o pensamento de trabalhar para sua autonomia e não para os outros, tanto que no primeiro curso de manicure, aos quatorze anos, começou fazer as unhas das pessoas a domicílio, assim como muitas jovens das periferias que começam a empreender por necessidade de independência financeira. 

Pouco tempo depois o artesanato surgiu para melhoria de renda e dessa forma Angelica entrou no universo das feiras de exposições dos seus trabalhos e tudo fluiu, “me apaixonei pelo artesanato, chamei minha irmã pra me ajudar porque eu não dava conta sozinha. Fazíamos quatro feiras semanais e começamos a viver disso”, disse a artesã.

Como todo trabalho informal, as vendas dos produtos artesanais diminuíram e nessa época com 23 anos, a artesã feminista viajou para vários Estados do Brasil mostrando seu trabalho e já naquela época tinha uma preocupação intuitiva com o meio ambiente, por isso aproveitava resíduos para o produção dos trabalhos manuais. 

Nos anos 1980, já de volta ao Rio de Janeiro, a veia do artesanato continuou pulsante mas os estudos e o trabalho em empresas formais  aconteceram mesmo sem sua adaptação, “nunca parei o artesanato, melhorei a marca com acessórios de moda de matéria prima reciclada com mais criatividade, beleza sem abrir mão da elegância”, conta.

Angelica Bueno uma militante pela sustentabilidade se mostra contra ao processo de industrialização das bijuterias e semi joias, “terrivelmente constrangedor e violento, pois até onde se sabe há trabalho escravo por detrás. Por isso os preços tão baixos, fazendo com que o artesanato original tenha que abaixar seu preço pela deslealdade da concorrência” opina. 

Por todas suas vivências a artesã criou HLC, na qual surgiu de uma necessidade de ter uma marca para os produtos. A marca começou em 2018, quando sua filha ganhou um concurso para fazer o curso Juventude Empreendedora, da ONG Cieds, “tínhamos que ter um nome para a marca e aí ficou HLC que são as iniciais do nome da minha filha, Hilca. O curso foi bem interessante mas eu não conseguia melhorar nas redes sociais para publicitar mais o negócio social e minha filha devido a faculdade também não tinha. Decidimos continuar com as feiras, exposições e eventos que éramos chamadas” relata. 

Antes do aparecimento do novo coronavírus, a ativista de 62 anos, decidiu fazer o festival cultural ReCriar, a partir da necessidade de mostrar toda a potência criativa, viva, bonita e diversa das mulheres de toda a arte da Baixada Fluminense. 

Participante do primeiro ciclo da incubadora Impacta Mulher promovida pela Asplande teve muita relevância para o ReCriar Mulherxs, “me deixou mais segura pra fazer uma coisa que sempre tive vontade e não achava que poderia, a partir dela [Impacta Mulher] eu consegui  começar um projeto que era só um sonho.”

Com a pandemia mundial, a moradora de Nova Iguaçu, precisou se reinventar contando com ajuda de uma amiga para vender e doar mais de 200 máscaras  na Baixada Fluminense, “também consegui o Auxílio Emergencial e com isso é que estamos vivendo no momento. Nós estamos passando por um momento onde tudo é novo, desafiador e perigoso, portanto angustiante demais, até porque não temos ideia de quando tudo isso vai terminar.” finaliza.

HLC foi aprovada no edital da Secretaria de Cultura do RJ, e Economia Criativa,  Cultura Presente Nas Redes. Com o financiamento a equipe atualizou o perfil no Instagram, ainda produzem vídeos com profissionais da moda e tem o objetivo de fazer um site para vender seus produtos.

Por Beatriz Carvalho, jornalista e voluntária da Asplande.

Foto: Pat Duarte