Feminismo na Alemanha

No Brasil, a Alemanha é amplamente considerada um país muito avançado, principalmente em termos econômicos. Mas quais são as conquistas sociais? Quais são os direitos das mulheres hoje e como se desenvolveram? Esse artigo trata da história do movimento das mulheres na Alemanha até a situação atual.

Depois da reunificação

Até o ano 1990, a Alemanha estava dividida em duas partes: Alemanha oriental e Alemanha ocidental. Por causa do pouco contato entre os lados, os movimentos de mulheres tinham se desenvolvidos diferentemente nos dois lados. Depois foi difícil reunir os movimentos, porque as mulheres da Alemanha ocidental se preocuparam mais com a teoria enquanto as mulheres da Alemanha oriental somente com a prática (direito trabalhista).

Conquistas

Mas mesmo assim, os dois movimentos opostos conseguiram se unir para lutar pelos mesmos objetivos. E assim, lutando juntas, elas conseguiram algumas leis como, por exemplo, a lei do aborto em 1995 e a lei da violência doméstica em 1997, depois de 25 anos de luta e protestos. Antes, a violência sexual no casamento (mesmo vivendo separado) não era delito. Em 1993, a primeira mulher tornou-se governadora de um estado da Alemanha e, em 2005, Angela Merkel tornou-se a Primeira Ministra, e governa até então.

Feminismo

Hoje, na Alemanha existem três dinâmicas quando se trata de feminismo. A primeira posição apoia as feministas e diz que ainda não existe igualdade de renda. Além disso, as mulheres ainda precisam se preocupar com as crianças, trabalhos domésticos e são obrigadas a cumprir com o ideal de beleza.

A segunda posicão não sabe (essa é a posição mais popular). Eles dizem ‘sim’ à igualdade mas acham que as feministas são cansativas e loucas: “Não seria melhor para todos, se elas fossem um pouco mais simpáticas? Tradiҫões não são só ruins…”

A terceira posição nega o feminismo. Acham o feminismo inútil, porque acreditam que a igualdade já havia sido atingida: “O machismo é um fantasma do passado e mulheres que ainda acreditam na desigualdade são fracas e precisam de um terapeuta.  O pobre homem é a vítima de nossa sociedade agora.”

Dados hoje

A Alemanha não é o líder em direitos e conquistas das mulheres como os Estados Unidos, por exemplo, onde o feminismo é muito mais presente. Um tema de luta ainda é o salário igualitário: em média os homens ainda ganham 21% a mais que as mulheres (a média na união Europeia são 16,7% – então a maioria dos países europeus tem mais igualdade que a Alemanha). As mulheres ainda assumem a maioria do trabalho não remunerado como limpar a casa, criar as crianças ou cuidar de pessoas doentes da família. Permanece a falta de mulheres em posições de liderança. No ano 2016, só houve a presença de 15% de mulheres na diretoria das 200 maiores empresas da Alemanha. Continuando assim, chegaríamos somente no ano 2056 a um equilíbrio. Por isso, a partir de 2015 começa a valer uma quota mínima de 30% para a diretoria dessas empresas.

O que precisa mudar é a consciência do papel da mulher. Uma mulher pode estudar, pode ser boa em matemática, pode ser ruim na cozinha ou pode ter uma profissão técnica igual aos homens. As mulheres não são menos capazes com respeito à educação e no mesmo momento não necessariamente têm mais paciência ou bondade – é a sociedade que quer nos convencer que é assim. A fórmula é reconhecer as desigualdades e lutar contra elas ao invés de reproduzi-las.

 

Fontes

Bundeszentrale für politische Bildung 2008: Dossier-Frauenbewegung, www.bpb.de

Nave-Herz, Rosemarie 1993: Die Geschichte der Frauenbewegung in Deutschland, Bonn 1993.

 

Por Eva Kirmes. Eva Kirmes é estudante de Antropologia em Berlim/Alemanha e voluntaria da ASPLANDE.