Embaixadora Cláudia Regina Coutinho

Nome: Cláudia Regina Gomes Coutinho

Área de negócio: Raízes do Rio – Artesanato

Empreendimento: Coisas da Vovó

Bairro: Campo Grande, Rio de Janeiro

Contato: (21) 96683-6767

Facebook/Instagram: @claudiagcoutinhorj

 

Cláudia Regina, nascida em Campos, é filha de pai alcoólatra, que, por conta da doença, fez a família perder tudo, pois ele pegava o dinheiro da costura de Rosa, mãe de Cláudia, ou vendia as camisas que ela confeccionava, e gastava tudo com a bebida. Além disso, Amanda, a irmã mais velha de Cláudia, que trabalhava no Rio como doméstica, mandava dinheiro para a mãe pelo correio, mas ele recebia, gastava e não pagava nem a máquina de costura da esposa, seu meio de sustento. Assim, a família foi morar numa casa de sapê nos fundos da casa de uma tia, onde Cláudia, a sétima irmã de 8 filhos, contraiu poliomielite aos 2 anos de idade.

Diante dessa situação, Amanda trouxe Cláudia para o Rio, para cuidar da saúde, e os irmãos menores, para colocá-los na escola. Não queria vê-los sem perspectivas de vida. No entanto, por diversas vezes, o pai, em crises de autoritarismo levava todos de volta à situação de miséria. Padre Zito, da Paróquia de São Pedro, ajudava Amanda, indo a Campos de carro e trazendo as crianças de volta. Quando sua mãe finalmente se separou do marido, ela veio morar no Rio e criou os filhos, que puderam estudar, trabalhar, se casar e seguir suas vidas. Ele desapareceu e só voltou a ter contato com a família anos depois quando, já muito doente, os filhos cuidaram dele.

Cláudia se casou, teve problemas com o marido e também criou as filhas sozinha. Não sofreu agressão física, não esperou por isso, mas muitas vezes foi agredida por palavras. “Essa coisa que a gente não nota no dia a dia é a agressão, até que a gente cai em si e vê que não está certo, a gente não nasceu pra ser humilhada, agredida, verbalmente ou fisicamente, e outras coisas”. Hoje, Cláudia tem 61 anos, suas 3 filhas estão formadas, lindas, e ela já tem 4 netos.

Em 2021, Cláudia foi convidada por Regina Fontes a participar do projeto Basta à Violência Doméstica. A formação foi maravilhosa, despertou sua consciência para aspectos que ela não considerava como violência, por exemplo o “seu dinheiro é seu” mexeu muito com ela, que tinha dificuldade em valorizar como conquista sua o dinheiro ganho com o seu trabalho.

Mas, acima de tudo, “a dor de tantos desencontros e a volta por cima nos faz ver que não somos as únicas, aprendemos que não sofremos sozinhas, que há um longo caminho a ser percorrido, muito que fazer, principalmente fazer valer as leis que nos protegem, e temos que parar de pensar que, se a mulher apanha é porque gosta, um pensamento enraizado na sociedade. O amparo ainda é pequeno, mas vale lutar por cada uma que precise de ajuda, pois juntas somos um grito forte”.

Desde o curso, Cláudia aplica os conhecimentos adquiridos tentando sempre falar com quem precisa, “por onde eu posso, eu falo, nas escolas, na igreja, na fila do banco e até com clientes. É só me dar uma entrada, que eu aproveito”. Frequentemente ouve como justificativas para a tolerância coisas como “mas ele é um bom pai”, mas ela insiste “Basta à Violência Doméstica”.

 

Escrito por: Adelina Araújo, voluntária da Asplande