1º Ciclo de Formação Empreendedora em Gastronomia 2021

Em agosto de 2021 a mais recente turma do projeto “Sabores do Rio” se graduou no Ciclo De Formação Empreendedora Semestral de Aceleração, realizado pela Asplande e patrocinado pelos grupos Instituto GPA/Assaí Atacadista. A trajetória para a formação do curso conta com segmentos voltados para a aceleração dos negócios, abordando conteúdos de design thinking, estratégia de marketing, aproveitamento total dos alimentos e entre outros temas que envolvem o mundo empreendedor e não são difundidos facilmente a todos que almejam empreender, especialmente às mulheres.

Para que todas essas ferramentas fizessem sentido para a formação das alunas, a Asplande se preocupou em fazer uma análise sobre o perfil majoritário das participantes, colhendo dados que significam muito e direcionam o desenho do curso, a fim de proporcionar aprendizados eficientes às empreendedoras. Dentre essas estimativas, temos realidades como:

– Cerca de 80% não possuem nenhum tipo de sócio em seu negócio;

– Quase 60% delas não estão legalizadas;

– Cerca de 76% das participantes adquirem suas rendas mensais através de seus empreendimentos;

– Mais de 90% fazem de suas casas seus locais de empreendimento.

Assim, com essas e outras porcentagens em mãos, o planejamento das aulas e mentorias ficam cada vez mais direcionados para conseguirem sanar tais dificuldades ou condições de cada empreendedora.

Nessa edição do primeiro semestre do ano, a culinária de quitutes dominou os empreendimentos participantes. Além de estarem no mesmo nicho empreendedor, elas também trocam suas experiências, participam das mentorias e palestras e tentam aplicar cada teoria estudada em seus próprios negócios, desafiando a si mesmas como mulheres e empreendedoras. Junto da formação, elas também passam a integrar a “Rede Sabores do Rio” e possuem a oportunidade de estarem conectadas com os outros meios de estudos e mentorias que ocorrem mensalmente através dos portais da Asplande.

Maria das Graças, Letícia Mariella, Krause Salles e Camilli Borges foram algumas das alunas que fizeram parte do curso e conseguiram perceber melhorias em seus negócios quando aplicavam os conteúdos aprendidos. Segundo elas, em um consenso comum não combinado, os faturamentos e as procuras pelos seus respectivos serviços aumentaram desde que receberam instruções e dicas sobre o mundo empreendedor como: postura de venda, precificação dos produtos, atendimento e comunicação com o cliente e publicidade nas redes sociais. Fora isso, a troca de experiências e de realidades empreendedoras distintas lhes incentivou muito a continuarem com seus sonhos. Para elas, além da teoria e dos meios práticos de empreender, ouvir outras mulheres e se identificar com outras vivências também faz parte do processo de aprendizagem para se criar um ambiente de trabalho ainda mais rico e saudável.

E, claro, além das similaridades, cada uma delas possui uma história de conexão diferente com a Asplande, possibilitando, portanto, uma importância de curso particular para cada uma, ainda que mantenham um amor e vínculo e conjunto com a culinária.

Com Maria das Graças, a dona do restaurante “Tudo do Peixe”, seu carisma e sua persistência em seguir com um sonho de anos que a levou até seu atual sucesso. Hoje, seu empreendimento recente, acumulando três meses de atuação, consegue se destacar na propaganda “boca-a-boca”, principalmente, recebendo indicações e comentários super positivos entre amigos e clientes – que vêm se tornando cada vez mais fiéis. Ela conta que seu esposo já atua no mesmo ramo de pescaria e que ela sempre teve a vontade de ter o próprio negócio, porém não tinha apoio e nem sabia como tirar seus planos do papel. Isso até ela chegar na Asplande, através da indicação de uma cliente de seu marido. “Foi a partir da Asplande que eu realmente me encorajei”, diz ela.

Em sua experiência com o curso de aceleração, Maria das Graças confirma que aprendeu a encarar desafios e a deixar de lado o medo de não acreditar no próprio potencial, levando ensinamentos para além do mundo dos negócios. “O curso me ensinou que eu devo apostar, porque o não a gente já tem de cara”, relata Graças quando comenta sobre sua timidez e dificuldade em lidar com as redes sociais. “Cada dia eu venho aprendendo mais e coloco sim em prática.” Para ela, ver os clientes voltando e os bons resultados fluindo são sinais de que “está no caminho certo” e o impacto da formação em sua persona mulher, a empoderou e a abriu novos horizontes sobre si mesma. “Como mulher, me sinto a poderosa, né! De administrar, de correr, de buscar, de dar ideia… de fazer realmente a coisa acontecer de verdade. Isso é muito prazeroso, ver que somos capazes.

Para Camilli, uma jovem de 18 anos e com alma independente desde que se entende por gente, abraçando a liberdade e autonomia como “um princípio meu”, como ela mesma disse, seu empreendimento de doces, chamado Camilli Doces, também melhorou com os aprendizados do curso. Ela conta que desde seu período de Ensino Médio investe na venda de doces – por não ter conseguido um emprego efetivo desde então – e encontrou a Asplande com a indicação de uma amiga próxima de sua mãe, que a incentivou a se inscrever no curso de aceleração para que pudesse aprimorar seu empreendimento. Hoje, sua marca tem um cardápio bem adocicado, com brigadeiros, bolos, palhas italianas e brownies. “Segui minha intuição e, sinceramente, foi maravilhoso! Abriu minha mente para o meu negócio. Acho que o meu maior aprendizado foi ter mais planejamento e seriedade no meu negócio… Parar e avaliar as opções, tentar enxergar o que vai ser melhor pro futuro, as consequências, possibilidades. Acho que me abriu muito a mente pra isso. Me centrou mais!”, relata Camilli.

Seguindo o universo de doces, Krause também se empenha em confeccionar uma culinária de qualidade e com um toque especial: fazer desses produtos um presente, um momento marcante para aqueles que procuram e são clientes do “Kumbucas”, que tem como lema: “ofertar presentes gastronômicos criativos, diferentes e ricos em sabor e afeto”. Sua participação no curso também aconteceu através da indicação de uma amiga empreendedora, motivando Krause a procurar pela Ong para expandir seu leque de talentos. Sobre sua experiência no ciclo de formação, ela relata que os “aprendizados foram diversos”, elucidando algumas posturas de empreendedora que ela ainda não tinha tido contato, como o controle financeiro eficaz. Para Krause, precificar e planejar o orçamento de seu restaurante era um aspecto no qual ela não tinha tanta atenção e o mesmo vale para seus métodos de engajamento e atendimento com os clientes, contribuindo para suas descobertas no mundo das redes sociais. “Os conhecimentos são diversos e a aplicabilidade vem logo em seguida. Ainda mais quando é a minha ‘eu empresa’, né? Porque é eu para tudo, ‘eu marketing’, ‘eu divulgação’, ‘eu confecção’, ‘eu compra’.”, comenta ela, mencionando suas responsabilidades de empreendedora, que vão além de seu cosmos de maternidade e de mulher. Planejamento e organização, portanto, foram os maiores aprendizados de Krause, que percebeu seus faturamentos aumentarem quando seus hábitos organizacionais mudaram. “Não basta você ter vontade, não basta você fazer ótimos produtos se você não tem uma organização”.

Já com Letícia, seu empreendimento tem uma conexão especial com ela, simbolizando sua renovação de espírito e de vida ao ter encontrado o mundo das massas como sua maior motivação, depois de passar por um quadro de depressão. Dona do “Fidéus Gastrô”, Letícia conta que a escolha para o nome de sua marca surpreendeu a si mesma. Ela deixa registrado sua vontade em representar a fé em seu empreendimento, visto as experiencias pessoais que a afetaram, e por isso “Fidéus” apareceu solucionando tudo. Magicamente, além da palavra em latim estar relacionada a fé, uma de suas traduções também significa “fios de massa”, contemplando e se encaixando ainda mais com sua visão de empreendimento.

Sobre o curso de aceleração, Letícia compartilha que também recebeu a indicação de uma amiga e viu uma grande oportunidade batendo em sua porta com as inscrições abertas: “Quando fui selecionada para a quarta turma senti que estava sendo impulsionada a não parar, pois a pandemia vinha estacionando vários empreendimentos e aqui vi a oportunidade de não desmotivar e seguir em frente.” Ela também conta que os aprendizados são muito válidos e suas respostas e resultados, após colocar a teoria em prática, são todas positivas, percebendo aumento de faturamento, de interação dos clientes e do número dos mesmos. “Venho pondo em prática aos poucos cada um dos aprendizados e sempre que tenho alguma dificuldade tento buscar ao máximo no material de apoio que nos enviado.” Sobre o impacto em sua vida de mulher, Letícia afirma que também se sente capaz e firme em seu cotidiano, lhe despertando novas nomenclaturas para si mesma. “Não me sinto apenas uma mulher com o negócio em casa, e sim uma verdadeira empreendedora. Com visão além, me sinto realizada como mãe, mulher, esposa. Uma enorme satisfação de poder me manter da minha própria renda, única e exclusiva do meu empreendimento.”

Assim, mesmo experienciando vidas e momentos de empreendimentos diferentes, essas quatro mulheres se encontraram e juntaram suas premissas e forças no curso da Asplande. Segundo elas, a formação atendeu suas expectativas maravilhosamente e elas sugerem, também em consenso, que a Ong possa divulgar e difundir seus movimentos cada vez mais, para que impactem e ajudem cada vez mais mulheres. “O curso é maravilhoso, todos os colaboradores e voluntários ficam inteiramente à disposição para tirarmos dúvidas, sempre muito solícitos. Toda equipe Asplande faz um ótimo e grande trabalho! Cada aula integrada às nossas necessidades.”, expressa Letícia. “Espero que atinja mais mulheres que necessitam desse apoio”, complementa Krause. Maria das Graças, por sua vez, compartilhou a ideia de “certificação Asplande” para os empreendimentos que são gerenciados pela Ong, demonstrando sua vontade em ter registrado o selo Asplande dentro de seu restaurante. “Não tem a plaquinha ‘Lar doce lar’ do Luciano Hulk? Então, eu queria uma da Asplande. Iam saber que o bom atendimento, tudo que sai de lá, que eu faço, eu aprendi através do curso.”, expressa ela. Já Camilli contribui com a ideia de se aproveitar o momento online de mentorias e aulas para fazer com que a Asplande atinja outros lugares, talvez até mesmo outros estados, tocando cada vez mais mulheres com o poder mágico da formação.

Outro ponto em que todas também concordam é sobre a pandemia. Felizmente, nenhuma delas passaram por dificuldades rigorosas em seus empreendimentos e seus desafios abrangeram, de um modo geral, a adaptação de logística, de atendimento aos seus clientes e do aumento do preço de insumos. “É até estranho quando a gente para e pensa que a pandemia, que foi um momento em que várias empresas quebraram, a gente tem empresas que surgiram e se fortaleceram. E a minha foi uma dessas.”, relata Camilli. Sendo assim, fora as dificuldades já citadas acima, elas não encontraram o vírus do COVID-19 como um acionador de vulnerabilidade excessiva para seus empreendimentos. “Foi um momento de ver o potencial do meu negócio. Não veio como um desestímulo, pelo contrário.”, expressa Krause. Para Letícia, sua maior falta é a presença humana, “o tom de voz, sentir o sorriso do outro” são aspectos que lhe despertaram reflexões e novas valorizações para o próprio negócio. E Maria das Graças conta que seu restaurante nasceu durante a pandemia, então não observou nenhum desafio gigantesco originado por esse contexto.

Por fim, o curso foi um sucesso! Conseguindo, mais uma vez, atingir seu objetivo de instruir e auxiliar as empreendedoras do Rio de Janeiro.

Mais do que formar empreendimentos e proporcionar o estudo para conhecimentos técnicos e que são vitais para o próprio negócio, a Asplande também consegue espalhar em cada uma das mentorias e aulas um pouquinho de esperança e oportunidade, preenchendo um espaço que para muitas, já estava vazio. Como mulheres, elas sentem e se identificam com suas vidas e lutas e sabem que aprender sobre empreender, é também levar novos conceitos para suas vidas de mulher e, para algumas, de mãe. É conseguir fazer a solidariedade, sororidade e resiliência fazerem mais do que letras compondo palavras e criar uma linda história e um legado precioso em cada aprendizado.

 

Escrito por Moara Guimarães Flausino, estudante de Letras e voluntária na Asplande.

 

Contato das empreendedoras:

Krause Salles, dona do “Kumbucas”:

Telefone: (21) 999836033

E-mail: krausesalles@yahoo.com.br

Instagram: @Kumbucas.oficial e @Krausesalles

Maria das Graças, dona do “Tudo do peixe”:

Telefone: (21) 980012910

Instagram: @Tudodopeixe

Letícia Mariella, dona do “Fidéus Gastrô”:

Telefone: (21) 976384253

Instagram: @fideus.gastro

Camilli Borges, dona do “Camilli Doces”:

Telefone: (21) 993996215

Instagram: @camillidoces

Este slideshow necessita de JavaScript.