Retrato da Marcia Ferreira
Nome: Marcia Ferreira
Negócio: Art.eira
Área de Negócio: Artesanato
Município: Nilópolis, Rio de Janeiro
Contato: (21) 98358-2151
“A beleza existe em tudo, tanto no bem como no mal. Mas somente os artistas e os poetas sabem encontrá-la.”
Essa frase, dita pelo artista de cinema Charles Chaplin, parece fazer bastante sentido para a artista de crochês Marcia Ferreira, a dona da loja Art.eira, que reencontrou os tons de beleza da sua vida no artesanato e o transformou em um empreendimento que, assim como diz Marcia, “tece afeto”.
Com uma história de superação por trás e um toque especial de família, Marcia é uma mulher carioca, que vive no município de Nilópolis do Rio de Janeiro, e descobriu no crochê uma forma de sobreviver ao seu período de depressão. Segundo os relatos da empreendedora, a doença lhe atingiu tanto ao ponto de não ter ânimo para sair de casa por longos quatro anos. Mas com o apoio dos filhos e graças a reconexão com seus momentos de infância, Marcia resgatou seu espírito de “arteira” e deu vida ao Art.eira.
Sua grande inspiração para criar a sua própria loja de amigurumis veio de seus filhos. A marca tem um toque deles, inclusive, já que a filha ajudou na criação do logo e o filho criou o Instagram para divulgação e venda. “O artesanato sempre esteve presente na minha vida, mas eu fazia para mim e para meus filhos. Há uns anos eu tive depressão e voltei a fazer crochê como terapia. Foi quando conheci a técnica do amigurumi e me apaixonei. Comecei a fazer e, com incentivo dos meus filhos, a comercializar.” Não só sua parte como mãe está internalizada em seu empreendimento, mas também suas lembranças de neta. Marcia conta que o nome Art.eira é muito significativo, pois quando pequena, costumava pegar as linhas de crochê de sua avó para soltar pipa e foi com ela quem aprendeu a fazer a arte do crochê.
Hoje, ela se considera uma designer de amigurumis, o nome dado aos bonecos feitos de crochê, e seu processo de criação é totalmente autoral. Além de tecer os pontos, ela desenha e cria seus amigurumis, deixando a criatividade liderar seu trabalho e, claro, sempre fazendo tudo com muito amor, ainda que leve horas para a criação de seus produtos. “O mais básico levo em média 2 horas e já levei uma semana pra fazer um grande. Outro ponto é que crio meus amigurumis então tem todo um processo: desenhar, escolher material, definir tamanho do boneco e começar a fazer o protótipo que às vezes pode demorar um pouco, pois, como falo, é uma escultura de ponto em ponto.”
Depois de se formalizar nessa área e de ter decidido começar seu empreendedorismo, Marcia sentiu necessidade de expor seus produtos nas feiras locais de sua cidade, pois as vendas na Internet não tinham bom rendimento. Com isso, ela conheceu a Economia Solidária de Nilópolis e aprendeu mais sobre o empreendedorismo junto a essa comunidade. No período de pandemia atual, ela também fez questão de conhecer mais métodos para o crescimento de sua marca e hoje, em seus meios de comunicação e divulgação de seu trabalho, a loja exala cuidado e carinho com os clientes, trazendo ainda mais harmonia ao seu intuito de trabalho, que é espalhar amor aqueles que terão contato com as linhas de crochê tecidos em formas de bonecos. “Eu já usava as redes sociais, mas não tinha as técnicas de marketing e com a pandemia tive o apoio da Eliane Freixo que conheci na ECOSOL e me levou para a Asplande, onde conheci mulheres maravilhosas, e nesse um ano de Aplande fiz várias mentorias e estou melhorando meu empreendimento.”
E Marcia não para por aí. Sua vontade é conseguir cada vez mais democratizar e levar o amor em forma de linhas para as pessoas. Depois de participar do “Projeto Amigurizando”, com o incentivo da Lei Aldir Blank de sua cidade, ela fez uma oficina online de amigurumi básico, instruindo os primeiros passos para a construção dos lindos bonecos de crochê, e também doou vinte de suas criações para uma creche da rede municipal de Nilópolis. “Ensinar o que sei é uma meta que tenho. Fazer vídeos aulas para o YouTube e também vender algumas receitas de minha criação em PDF.”
No fim da entrevista, quando perguntada sobre a importância da arte para a superação de sua depressão e sobre a melhor parte de seu trabalho como empreendedora, Marcia explica que todos os processos de sua criação são importantes e todas as fases dele são efetivadas com amor. Sobre seu momento difícil com a depressão, ela afirma que até hoje o crochê a ajuda como terapia e que o espaço da Asplande a ajudou a se conectar com outras empreendedoras e a enxergar novos rumos para o seu negócio. “Também gostaria de falar que o convívio virtual com as meninas da Asplande me ajuda bastante. E gostaria de agradecer por todo o aprendizado passado e os incentivos para continuarmos empreendendo. Sou uma das contempladas com o fundo Manoamano, onde estou aprendendo muito e conhecendo pessoas especiais.”
Com o retrato de Marcia, mais uma vez a força de vontade é comprovada como um ingrediente fundamental para a vida, especialmente para o universo empreendedor. Ela se demonstra uma mulher que domina seu empreendimento e busca meios para aprender a como melhorar na área comercial, formando um equilíbrio bonito entre o ouvir e o praticar. Em um mundo competitivo, onde muitas formas de negócio se baseiam em números e metas concretas, artistas como a Art.eira conseguem reverter um pouco essa lógica e mostrar o efeito positivo e renovador que adicionar amor e cuidado às produções podem causar nas pessoas que tem contato com a marca. “Quando sento pra fazer um amigurumi, sinto prazer em cada ponto dado, amo o que faço e quando vejo que o cliente ficou satisfeito me dá mais ânimo para continuar. Eu adoro colocar em prática minhas ideias. Quando finalizo o trabalho e vejo que ficou como imaginei, é um sonho realizado.”
Redes da empreendedora:
SITE: https://marciaferreira20.wixsite.com/ateliearteira
PINTEREST: https://br.pinterest.com/arteiraamigurumiecroche/_created/
FACEBOOK: https://www.facebook.com/pg/arteirafazendoarte
INSTAGRAM: https://www.instagram.com/art.eira/
Escrito por Moara Guimarães Flausino, estudante de Letras na Unip e voluntária da Asplande