Retrato de Ana Santos

Nome: Ana Virgínia Santos

Negócio: Dona Onça

Área de Negócio: Coletivo de artesãs

Bairro/Município: Valverde – Nova Iguaçu

Contato: (21) 974772817

Ana Virgínia Santos, 39 anos, moradora do bairro Valverde, Nova Iguaçu, é artesã e responsável pelo Coletivo Dona Onça, que reúne empreendedoras sustentáveis, que produzem acessórios femininos e produtos para decoração, cama, mesa e banho a partir de resíduos.

Ana começou sua vida profissional como manicure, como sua mãe, que tinha grande clientela. Se formou e obteve certificação como designer de sobrancelha e foi atuar também nessa profissão.

Sua história como artesã segue o exemplo da mãe Waldineia, que fazia crochê e panos de prato. Ana aprendeu crochê e pintura, mas se encontrou nos acessórios e bolsas. No início, fazia bijuterias para usar, mas quando teve seu filho, há 18 anos, despertou para o artesanato como negócio, criando suas peças e vendendo para clientes do salão onde trabalhava. Desafiada a testar alternativas de acabamento de suas peças, conseguiu bons resultados e melhorou as vendas. Mais adiante, deixou o salão, mas ficou na área de estética, atendendo em casa e investindo na bijuteria.

Começou então a participar de feiras no Valverde e a divulgar seu trabalho no facebook. Conheceu o Projeto Arte sem Fronteiras da Universidade Veiga de Almeida (UVA), que exigia que os produtos contivessem pelo menos 60% de “resíduo”.  Ana aceitou o desafio, desenvolveu peças a partir cápsulas usadas de café expresso e, com criatividade, obteve produtos cada vez mais elaborados. Na primeira feira de que participou na UVA-Tijuca, fez uma ótima venda. Este foi um marco na vida de Ana pois, a partir daí, começou a engajar mais pessoas na atividade.

Em 2013, Ana pôs em prática a ideia do Coletivo de Mulheres, idealizado por sua mãe há muitos anos. Repaginado pela reciclagem, o Coletivo veio para buscar renda, visibilidade e respeito pelo trabalho das artesãs do Valverde, que trabalham com material reciclado: garrafas pet, cápsulas de café, caixas de leite, etc. Assim nasceu o Coletivo Dona Onça, nome dado porque Ana era tida como brava, “não por qualquer motivo, mas pela necessidade de se impor e mostrar sua existência”.

A partir de sua criação, o Coletivo começou a oferecer oficinas, a descobrir artesãs em situação de vulnerabilidade financeira e a buscar parcerias que as levassem a expor e vender seus produtos. Em 2013, obteve apoio da prefeitura de Nova Iguaçu e a criação de uma feira local mas, com a mudança na administração, a feira foi suspensa. A luta continuou até que, em 2016, a Secretaria de Cultura do Município aceitou apoiar a exposição de trabalhos do Coletivo nos eventos realizados na casa, fazendo link entre o Coletivo e os organizadores para exposição e venda de produtos.

O Coletivo já apoiou mais de 100 mulheres e já possui um espaço próprio, que ainda precisa de reforma, para uso como ateliê coletivo, local de oficinas e cursos e “loja colaborativa”, para capacitar aprendizes na apresentação e venda de produtos. “Para ser uma estrutura voltada para encorajar a liberdade e o crescimento da mulher que sustenta e conduz sua família”.

 Na Asplande, Ana participou de uma oficina de gestão financeira, em Queimados, onde aprendeu a analisar a viabilidade econômica da participação em feiras, considerando localização, horário, divulgação e público frequentador. Como resultado, o coletivo não faz mais feiras em espaços pagos, apenas participa de eventos, quando convidado.

Ana consegue juntar no trabalho o amor pelo artesanato e pela história. Ainda trabalha como manicure e designer de sobrancelha, suas fontes de renda mais importantes. Mas, apesar da estética ser rentável, ela está saindo aos poucos, pois quer dedicar mais tempo à sua família. Afinal, “estar com minha família não tem preço, fazer o que amo não tem preço e poder ajudar outras pessoas que não têm apoio de ninguém, não tem preço!!!”

A determinação da Onça, como Ana também é chamada, tem incentivado muitas mulheres.

Retrato da empreendedora Ana Santos feito pela voluntária Maria Adelina Araújo.