Saúde e Prevenção
O ano começa, novas e antigas práticas estão presentes no cotidiano das pessoas, e o cuidar da saúde é uma das preocupações. Principalmente entre as mulheres, que são as que mais buscam os serviços de saúde. Há uma demanda por parte delas em se cuidar, e, cuidar da sua família. O que infelizmente não é uma grande preocupação, segundo estudos, do contingente masculino da nossa população.
Elas acessam os serviços, sejam públicos ou privados, para o tratamento de diversas patologias, como também como prevenção das diferentes doenças que atingem a população feminina, como o câncer de mama e do colo de útero, doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, depressão e outros agravos.
Além da procura pelo tratamento é fundamental uma prática preventiva com exames periódicos, e o acesso as mais diferentes informações repassadas por profissionais. O acesso a Saúde é um direito universal garantido pela Constituição Federal de 1988. E a universalidade diz respeito ao atendimento igual e sem distinção para todos e todas, como um direito, e é um princípio original da Reforma Sanitária, que foi gestada no Brasil nos anos de 1980, e que está presente na implementação do Sistema Único de Saúde-o SUS.
Assim como a integralidade, que é um outro princípio e prevê que toda pessoa deva ser atendida em todas as suas necessidades, com ações de promoção da saúde, prevenção de doenças, tratamento e reabilitação. Além de assegurar que os serviços de saúde para garantir uma qualidade de vida à população, e deva ter articulações com outras Políticas Públicas e práticas.
Foi no Brasil, a partir dos anos de 1980, pensado e implementado um novo conceito de saúde que levasse em conta não apenas os aspectos puramente biológicos , mas também a dimensão social do processo saúde/doença e a importância de um sujeito ativo no cuidado com a sua saúde, que este possa ser protagonista.
No caso da Saúde da Mulher, temos em 1983 a criação do Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher-PAISM (Brasil, 1984). Que ressalta:
Em relação a atenção à mulher –objeto primordial desta proposta os serviços de saúde devem ser dotados de meios adequados articulando-se, os esforços do governo federal, dos estados e municípios, com o objetivo de oferecer atividades de assistência integral * clínico-ginecológica e educativa para o aprimoramento do controle pré-natal, do parto e do puerpério; a abordagem dos problemas presentes desde a adolescência até a terceira idade; o controle das doenças transmitidas sexualmente, do câncer cérvico – uterino e mamário, e a assistência para concepção e contracepção. (BRASIL.1984, p.6).
E anos mais tarde em 2004 é implementada a Política Nacional de Atenção de Atenção Integral à Mulher – PNAISM (Brasil, 2004). Diferentemente do PAISM ressalta sobre os condicionantes sociais como fator preponderante do binômio: saúde/doença, que estão presentes as relações desiguais de poder entre homens e mulheres, e se somam à outras, como: as raciais, étnicas, sociais e geracionais, ampliando as desigualdades, e a Humanização como um princípio fundamental.
A PNAISM pretendeu abranger as mulheres nas suas diferenças de: classe, orientação sexual, classe, idade, cor, etnia, entre outras, segundo documento:
Este documento incorpora, num enfoque de gênero, a integralidade e a promoção da saúde como princípios norteadores e busca consolidar os avanços no campo dos direitos sexuais e reprodutivos, com ênfase na melhoria da atenção obstétrica, no planejamento familiar, na atenção ao abortamento inseguro e no combate à violência doméstica e sexual. Agrega, também, a prevenção e o tratamento de mulheres vivendo com HIV/aids e as portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e de câncer ginecológico. Além disso, amplia as ações para grupos historicamente alijados das políticas públicas, nas suas especificidades e necessidades (BRASIL, 2004, p.5).
No que diz respeito a Humanização a atenção as parturientes e aos bebês é uma preocupação, presente no documento, com objetivo de diminuir o número de cesarianas, oferecendo um cuidado humanizado.
Promover a Atenção Obstétrica e Neonatal Qualificada e Humanizada, Incluindo A Assistência Ao Abortamento Em Condições Inseguras, Para Mulheres E Adolescentes: Elaborar, imprimir e distribuir guias de procedimentos sobre pré-natal, parto, puerpério, gestação de alto risco, atenção ao aborto e conduta nas urgências e emergências obstétricas e neonatais, reanimação cardiopulmonar e controle de hemorragias para os profissionais na atenção à gestante e ao recém-nascido. Encaminhar exemplares de toda publicação técnica da área para bibliotecas das universidades que têm cursos na área de saúde da mulher. Sem custo adicional. Elaborar, imprimir e distribuir manual de bolso sobre condutas nas urgências e emergências obstétricas e neonatais. Elaborar, imprimir e distribuir cartazes com sinais de alerta sobre riscos obstétricos e neonatais e condutas em situações de urgência/emergência obstétricas (BRASIL, 2004, p 19 e 23).
Enfim, são Políticas Públicas de Saúde, que são uma conquista da sociedade brasileira, e principalmente um Direito da população. E as mulheres na sua grande maioria buscam os serviços, mesmo enfrentando todas as dificuldades que faz parte da realidade de muitas delas, que utilizam o Sistema Único de Saúde, tem uma atitude pró-ativa procurando tratar de si, e de seus familiares.
BRASIL. Assistência integral à saúde da mulher: bases de ação programática. Brasília: Centro de Documentação do Ministério da Saúde, 1984. (Série B – Textos Básicos de Saúde).
BRASIL. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher – Princípios e Diretrizes. Brasília: Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, 2004. (Série C – Projetos, Programas e Relatórios).
Por Mirian T. SL. Martins, mestre em Ciências Médicas pelo Programa de Pós Graduação da Faculdade de Medicina da UERJ, pesquisadora e psicóloga.
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