Retrato de Kádina Bastos

Nome: Kádina Bastos
Negócio: Artesanato e Costura
Área de Negócio:
Artes e moda focadas em costura
Bairro/Município: Santíssimo – RJ
Contato: (21) 99351-9767
Página: https://www.facebook.com/BazardeGaragemdaDinah

 

Kádina Bastos tem 53 anos, é mulher, mãe, palestrante, voluntária e artesã. Natural do Rio de Janeiro, mora atualmente no bairro de Santíssimo. Carrega em seu semblante a imagem de uma mulher guerreira, que apesar de ter passado por adversidades ao longo do caminho, cultiva um sorriso no rosto e compartilha seus sonhos com mulheres que também estão na luta com seus projetos, e desejam um dia conseguir concretizá-los.

A relação de amor entre Kádina e a costura começou quando ela tinha apenas 13 anos, época em que aprendeu a costurar apenas observando a sua mãe. Com o auxílio de uma máquina de costura, começou a fazer consertos de roupas e a criar coleções para bonecas, cujas peças ela vendia na escola para suas amigas. Porém, como precisava trabalhar para ajudar nas contas de casa com outras fontes de renda, passou um longo período trabalhando em fábrica de costura. Segundo ela, o seu maior erro foi não ter contribuído para a Previdência Social durante esse período.

Após algumas dificuldades que teve que enfrentar, fez concurso público e passou a trabalhar como merendeira de uma escola. Nessa época, Kádina engravidou, e as coisas começaram a complicar. Precisou se ausentar do trabalho e, devido ao stress e exaustão, adoeceu, e foi cuidar da saúde no Nordeste.

Após esse período complicado, Kádina tentou transformar sua garagem de casa em comércio. Começou com um armarinho com peças de roupas para vender. Com o passar do tempo, o negócio tomou outro rumo e se transformou em uma mini mercearia mas, por falta de planejamento, ficou endividada e precisou fechar as portas de seu negócio.

Ao longo dos anos, Kádina tentou várias vezes sair do ramo de confecção, procurando vagas de emprego em outras áreas, pois o salário foi perdendo o valor no mercado. Mãe separada, e com uma filha de 3 anos, aos 45, resolveu voltar a estudar e se formou na área de moda, em um curso de iniciação de modelagem industrial no Senac. Após o término do curso, fez uma especialização em modelista, e posteriormente teve a oportunidade de concluir seus estudos na faculdade Senai Cetiqt. Em seguida, optou por fazer o curso de Produção de Moda e eventos culturais, no Senac.

Seu último trabalho fora de Free Lancer, do qual ganhava por produção de peças. Esse trabalho levou a marca de Kádina a ganhar o prêmio na Babilônia feira hype, e esse premiação lhe garantiu uma vaga no desfile do Fashion Rio no ano de 2013. Nesse período, foi indicada para trabalhar para uma outra pessoa.

A mãe de Kádina veio a falecer no final do Trabalho de Conclusão de Curso na faculdade Senai Cetiqt. Apesar das lutas árduas, problemas de saúde e familiar, ela conseguiu concluir o curso Técnico em Modelagem do Vestuário na Faculdade Senai Cetiq com ajuda de amigos e professores.

Kádina trabalhou como expositora do brechó da Cufa, onde recebeu uma oferta para participar de um encontro de empreendedoras. Retomou com a produção em pequena quantidade de peças exclusivas, apenas para amigos e família. Então surgiu a ideia de reaproveitar as sobras de tecidos fazendo faixas para cabelo, turbantes e outros acessórios.

Com apenas uma foto postada nas redes sociais, iniciou sua produção. Sempre se inspirando na moda afro brasileira, recebeu convites para levar a exposição dos turbantes e acessórios em feiras e eventos culturais.

Investindo na qualidade, porém, sem perder a identidade da proposta da moda afro, atualmente Kádina possui um pequeno espaço de bazar, no qual pretende investir nas aulas de costura. Contudo, o espaço ainda necessita de obras e melhoria, procurando focar no bem estar das mulheres e familiares que foram fragilizados pelo sistema de abandono do poder público.

Atualmente, Kádina procura minimizar esse transtorno através do voluntariado, em que participa de ações sociais, arrecadando donativos para festas no EDI Sr. João Gomes além de outras associações locais e instituições.

Após concluir o Curso de Promotora legal popular FND-UFRJ, recebeu vários convites para levar o conhecimento das aulas de costura, e ministrou oficinas na Casa Kolping-VA. Hoje, devido aos seus problemas de saúde, ela optou por continuar com a costura manual. Seu maior objetivo é fazer a transformação através da customização das peças. Almejando passar energia positiva, carinho, fé e autoconfiança para quem acompanha o seu trabalho.

Por fim, Kádina reserva um recado para todas as mulheres que sonham se tornar empreendedoras: “Entre ruas, becos e vielas, toda mulher tem uma rainha dentro dela.”

Fotografia Michelle Freitas, Oju Comunicação.

 

Por Hemily da Silva Gonçalves. Hemily é estudante de jornalismo e voluntária da Asplande. Contato: hemily3000@hotmail.com.