Retrato de Neuza Nascimento

Nome:  Neuza Nascimento
Negócio: Dona Preta Produtos Caseiros
Área de Negócio: Gastronomia, Elixires e Ervas Desidratadas
Bairro/Município: Pilar/Duque de Caxias
Contato: 21 993281170, Facebook/Instagram: @donapretapc

Dona Neuza tem 59 anos, é mãe, avó e empreendedora. É natural de Santos Dumont, Minas Gerais, e se mudou para o Rio de Janeiro ainda criança, aos 11 anos de idade. Teve uma vida repleta de experiências, das mais diversas. Começou a trabalhar ainda criança, aos 8 anos como doméstica e foi mãe aos 17. Criou e dirigiu uma ONG que estimulava e desenvolvia crianças e adolescentes moradores de comunidades pobres expostas aos riscos da violência social, através de ações nas áreas de educação, lazer e cultura, durante 15 anos no bairro Parada de Lucas, na Zona Norte do Rio, e ainda coordenou outra ONG nesse mesmo período.

Neuza conta que se sente uma sobrevivente. “Em uma família de 10 irmãos sou a única que leio, que estudou um pouco mais. A única que conseguiu obter mais informação e que nasceu com o dom da escrita”. Ela concluiu o ensino médio aos 47 anos de idade e tem o sonho de estudar Comunicação Social ou Literatura, em algum momento de sua jornada. Ela escreve contos, crônicas e artigos, e já teve um de seus textos publicados mas pretende produzir  mais.

Quando questionada sobre uma relação prévia com seu negócio, Dona Neuza conta que nunca imaginou trabalhar com licores e geléias, mas diz também que é diariamente motivada por seu ofício. Ela dividiu com a gente o momento de inspiração que iniciou esse trabalho, que partiu de uma experiência pessoal e aos poucos foi se  profissionalizando. “Na casa onde moro com meu marido há uns dois anos, tem um pé de amora. Quando eu cheguei e vi aquele pé de amora fiquei super alegre, pois é uma fruta que gosto muito. A árvore se encheu de fruto em pouco tempo e eu comi muita amora, fiz suco, dei para os vizinhos, mas elas continuavam a cair maduras e pretinhas. Sem saber mais o que fazer com elas, decidi juntar açúcar e colocar no fogo. O resultado foi uma geleia simples e gostosa. Ofereci para os vizinhos, novamente, dei para alguns amigos e recebi elogios. No quintal tem outras frutas como goiaba, jamelão, seriguela, carambola, jambo, cajá e banana. Resolvi também fazer licores e comecei a comercializar timidamente.”

Dona Neuza diz que os desafios fazem parte do seu cotidiano, mas que tem como objetivo viver somente da renda de seus produtos um dia. Ela compartilha as dificuldades de empreender sozinha, mas diz que o que faz é “transformar os desafios em degraus e, bola pra frente. Tenho que continuar produzindo, buscando clientes, e me capacitando.” Ela revela que é constantemente estimulada por outras empreendedoras, pelos cursos que faz e pelas conversas que tem no seu dia a dia.

Neuza compartilha conosco um recado, para as mulheres que também querem empreender e que possam ver na sua história, uma inspiração. “A todas que querem empreender, seja social ou economicamente, é preciso ter boa vontade, amor e paciência. Muita paciência”.

Por Taíssa Lima Lopes, voluntária da ASPLANDE e aluna de Jornalismo na UFF.