Retrato de Valéria Pimentel

Nome: Valéria Pimentel
Negócio: Pimenta Artes
Área do negócio: artesanato/pintura em bolsas e acessórios
Município: Queimados
Contato: Facebook @valpimentrartes

 

Perder cinco familiares em cinco anos. Um cenário desses consegue abalar qualquer pessoa. E abalou Valéria Pimentel. Em 2010, após perder o irmão, Valéria, que trabalhava como cuidadora de idosos, percebeu que algo não estava bem. Ela passou a falar demais, a tal ponto que, segundo ela, “era difícil se suportar”. Valéria decidiu procurar ajuda, e foi aí que teve início sua jornada como empreendedora.  A moradora da Baixada Fluminense estava em depressão, mas a terapia a ajudou a superar esse trauma e fez com que desenvolvesse o gosto por uma nova arte: aulas de pintura em tecido, que ela teve durante seu tratamento.

No mesmo ano, Valéria começou a pintar toalhas e vendê-las em casa, continuando também com seu trabalho como cuidadora. Porém, após um acidente de ônibus que a deixou com uma lesão na coluna e deslocamento do ombro, o médico pediu que ela parasse com a função que a sustentava.

Diante desse novo cenário, Valéria tomou a decisão de expandir seus negócios de pintura. Mãe de dois filhos, ela contou com a ajuda deles para comprar o material necessário e passou a costurar e pintar ecobags. Em 2013, não satisfeita em trabalhar apenas em casa, a artesã correu atrás para ampliar seus negócios com uma barraca na primeira Feira de Artesanato de Queimados, cidade onde mora há 41 anos. E conseguiu: foi chamada após preencher uma ficha na prefeitura, passando a expor todos os sábados.

Com o tempo Valéria percebeu que as vendas na feira não eram tão lucrativas: “Eu não tinha outra opção, então fui ficando”, conta. Foi quando a presidente da feira a convidou para conhecer a Asplande. A partir desse momento, a artesã começou a ter aulas de empreendedorismo, aprendendo como lucrar mais com o seu negócio. “Hoje sinto a diferença, consigo perceber o meu valor”, garante. Queimados foi seu ponto de venda até janeiro de 2018. Desde novembro de 2017, a também costureira expõe seus produtos no quiosque da Asplande, na estação de metrô da Uruguaiana. “Hoje consigo obter lucro e vejo que os clientes se interessam mais pelo meu trabalho”, se alegra.

Como inspiração para suas pinturas, Valéria usa as imagens que observa em seu dia a dia, as pessoas que encontra e faz uso de um aplicativo de celular, onde procura por fotos e ilustrações. “A inspiração vem de tudo. O que eu vejo minha mente amplia, melhora”, conta. Foi através desse aplicativo que ela pesquisou desenhos de mulheres negras e encontrou alguns que a interessaram. A artesã passou então a pintar em suas ecobags a imagem que a representa: mulheres negras em toda sua plenitude e beleza. “Minha filha fala que eu me inspiro nela para fazer as pinturas de mulheres negras. E é verdade, algumas são bem parecidas”, diz sorrindo.

No entanto, como toda empreendedora, Valéria já enfrentou algumas dificuldades. Em agosto de 2017 teve seu celular roubado. Diante da recusa da operadora de telefonia em lhe devolver seu número, a artista perdeu todo os seus contatos, inclusive o acesso ao seu e-mail, onde estava armazenada a maioria de seus trabalhos. Era também esse número que constava nos cartões e etiquetas da Pimenta Artes, por onde seus clientes a contatavam. “Minhas vendas caíram muito depois que perdi meu número. Eu tinha ele há anos e todos me conheciam através dele”, lamenta. Mas outras oportunidades continuaram surgindo. Em breve o quiosque de Valéria irá para Copacabana, onde ela espera vender mais produtos e encontrar ainda mais pessoas interessadas em sua arte.

Além de costurar e pintar as ecobags, ela também faz nécessaires e porta-moedas. Seu intuito é expandir cada vez mais seu portfólio de produtos. Com a ajuda da Asplande, a artesã quer criar um diferencial em suas bolsas. Além de utilizar outros materiais para a confecção, Valéria também deseja investir nas tendências do mercado. Com seu celular, faz pesquisas na internet para ver o que está na moda e em casa assiste a programas de televisão que ensinam artesanato para captar ideias. “É preciso inovar”, se empolga.

Mesmo diante de todo esse turbilhão de emoções e acontecimentos, Valéria não desanima. Com a terapia e a ajuda dos profissionais da saúde que teve durante sua fase depressiva, ela consegue hoje controlar a ansiedade e se manter tranquila para enfrentar os desafios diários de uma mulher guerreira e empreendedora, que criou dois filhos e hoje procura expandir seus negócios. Atualmente a Pimenta Artes traz lucro para a sua idealizadora e, com todas as ideias e inovações visualizadas por Valéria, a previsão é que suas vendas melhorem ainda mais.

 

Por Jéssica Fusco, voluntária da Asplande. Jéssica é formada em Jornalismo, com Pós-graduação em Gestão Pública e experiências no setor público.