A costura de mil e uma utilidades de Eliane

Nome: Eliane Freixo
Área de negócio: Artesã
Município: Nilópolis – RJ
Contato: (21) 974438761

 

Eliane Freixo teve uma formação simples, mas rica. Estudou o fundamental e depois parou, era a hora de trabalhar. Depois de um tempo voltou para formação clássica e terminou o ensino médio, porém é errado pensar que ela ficou parada esse tempo todo. Eliane mergulhou nos cursos, entre eles de estoque, de empreendedorismo, documentários, programas de televisão e, antes de voltar à sala de aula, deu uma atualizada geral no que sabia.

Natural de Nilópolis, fez sua vida toda por lá, estudou, casou, teve filhos. Saiu mas voltou.

Hoje, ela é artesã, mas antes de todos os adjetivos, é empreendedora. Criada para ser dona de casa, casar e ter filhos. Cresceu e trabalhou vendo o pai lutando com as próprias mãos e trabalhando no quintal de casa. Começou com seus negócios ainda na adolescência vendendo artigos de catálogo e bolos confeitados.

Fez o enxoval dos filhos todo com o empreendedorismo familiar. “Foi nessa caminhada de criar filho, depois o neto. Quando voltei a morar em Nilópolis, estava trabalhando fora, mas saí pra cuidar do neto e a filha poder trabalhar. Isso mais a depressão me fizeram voltar com as pinturas em tecido e eu fui dando andamento, até chegar à Asplande”.

Uma das vezes em que se viu empreendedora, foi quando o marido trabalhava em uma empresa de fornecimento de emblemas para quartéis. Aproveitaram a oportunidade e começaram a fornecer as cantinas, além de costurar cuecas na máquina de casa e vender para soldados. “Mas veio o Collor ficamos mais de 90 dias sem receber, cheques que bateram, aí falimos mesmo”, completa.

Um dos objetivos da Asplande é a economia solidária e isso Eliane já fazia muito bem, antes de chegar aqui. “As meninas falam que eu já praticava economia solidária sem saber, porque sempre usei de troca, aquilo que está novo, mas não é pra mim, eu posso passar, sempre teve isso na família e eu trouxe isso”. Hoje sua costura não é mais a costura comum e sim a utilitária, tudo o que é preciso fazer que seja útil e aproveitado de várias formas sai do ateliê. “Tudo é aproveitado, se eu tiro uma peça grande e sobra, eu já tenho uma criação, agora eu estou tentando montar um ponto de troca, pra algo que eu não vá usar eu passo e pego o que eu preciso”.

Máquina que quebra, dinheiro que falta, valorização que não vem, são pontos que entram na lista de dificuldades dessa artesã. Mas que ficam pequenos perto da quantidade de conquistas. Agora, Eliane vive o seu tempo de desafios, de crescer pelo seu prazer e mostrar para todos que é capaz. Na Asplande há seis anos, ficou afastada por problemas familiares, mas voltou com garra, e hoje faz formações e assume compromissos. Sucesso pelo prazer da palavra diz não querer, pois é algo passageiro. O que ela quer é ter direito de fala, um desabafo, não ter medo de expressar e de assumir quem ela, realmente, é.

Como artesã, o mar da vida nem sempre foi calmo. Eliane diz que chegou a passar meses sem vender nada e ainda assim continuar acreditando. “Faço parte de uma associação em que muitas vezes me perguntaram o que eu estava fazendo lá, se eu não vendia nada. E eu sempre respondi: porque eu acredito”. Para Eliane, quem a inspira é a vida, se sentir viva, mal sabe ela que hoje quem nos inspira é a sua história.

 

 

Por Isabela Lessak, voluntária Asplande. Isabela é formada em Comunicação Social – Jornalismo e veio para a Asplande pelo amor as histórias e as pessoas. Hoje é freelancer e busca recolocação no mercado. Contato pela Linkedin: https://www.linkedin.com/in/isabelalessak