Retrato de Ana Passos
Nome: Ana Passos
Negócio: Okô Indumentárias
Área do negócio: Raízes do Rio
Bairro/Município: Penha Circular
Contato: (21) 99937-6521
Instagram: @oko.indumentariasafricanas
Ana Passos, designer de roupas e empreendedora da Okô Indumentárias Africanas, tem 49 anos, é viúva e moradora da Penha Circular, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Na adolescência, aprendeu a costurar, se casou e trabalhou por 17 anos na segurança bancária, como vigilante, mas, em 2017, após uma tentativa de assalto à sua agência, adoeceu e viveu um período de profunda depressão. Nessa época, o branco e o cinza predominavam em suas roupas, refletindo sua tristeza.
Em 2018, voltou a costurar, primeiramente porque seu cabelo caiu e ela começou a usar faixas na cabeça e a fazer tranças e turbantes, pelos quais sempre foi apaixonada, e passou a fazer suas próprias roupas, ajustando seu corpo aos tecidos e cores que lhe agradavam.
Iniciada no Candomblé, Ana frequentava o Barracão Ilê Axé Odè Obá, em Realengo, onde as pessoas usavam roupas feitas com tecidos africanos, como o Ancara Kente, que é muito caro. Com retalhos que ganhou, começou a fazer turbantes e detalhes de roupas. As pessoas gostaram e ela começou a costurar por encomenda com uma pegada criativa.
Em 2019, sua amiga Rayane Pacheco lhe mostrou na internet roupas e acessórios do jeito que ela fazia e disse: “você pode fazer disso um negócio”. Rayane lhe indicou a produtora de teatro Alessandra Carla em Santa Cruz com o intuito de introduzi-la como costureira. “Alessandra me levou para a Praça do Skate em Campo Grande, minha primeira feira e foi aí que tudo começou”, ela conta. Em 22/9/2019 nasceu a Okô Indumentárias e Ana começou a participar de feiras e a buscar capacitação. Mas aí veio a pandemia do COVID-19 e, num momento de vulnerabilidade, foi buscar ajuda no Instituto As Josefinas, onde participou do curso em que conheceu Paulo Borges, da ASPLANDE, que a ajudou a seguir com seu empreendimento.
Em 2022, Ana tomou conhecimento do curso de Produção de Moda do Instituto Federal do Rio de Janeiro, em Belford Roxo. Ela fez o curso em 2023. “Foi onde me permiti conhecer o novo, o diferente, o não convencional, e a questionar o que se dizia Padrão, uma palavra que exclui a criatividade da mente das pessoas férteis!!!”, ela diz. No mesmo ano, Ana participou da 6ª edição do projeto ManaMano (UFRJ), que trouxe mais profissionalismo ao seu trabalho. “Foi o período em que mais aprendi, amadureci. A gente dorme trabalhando, acorda lutando e vence o desafio“. A designer também fez um curso na Aliança Empreendedora e, com sua sede de saber, ainda quer cursar Artes Cênicas.
Quanto aos seus produtos, Ana passou por diversas fases: roupas, brincos afro e bolsas de tecidos feitas com retalhos do Grupo Soma. Hoje, seu carro chefe são os vestidos de linho, com grafismos indígena e africano, pintados à mão, verdadeiras obras de arte.
Muito simpática, a empreendedora realiza suas vendas nas feiras e pelo WhatsApp. Quanto à sua renda mensal, ela ainda tem o apoio da Bolsa Família, mas pretende se sustentar somente com seu negócio.
Para finalizar, Ana diz: “não posso deixar de registrar que Paulo Borges, Maribel e Ana Paula foram o grande impulso na minha vida de empreendedora”. E deixa como conselho a persistência: “Por mais que muitas vezes menosprezem nosso trabalho e carreira, persistam, insistam, pois nascer não é fácil e viver não poderia ser diferente”.
Escrito por Adelina Araújo, voluntária da Asplande.