Retrato de Teresa Cristina
Teresa Cristina Xavier dos Santos Ornelas
Área de atuação: Impacta Mulher
Negócio: Espaço Teresa Cristina e Projeto Mulheres Transformadas BR
Bairro: Cascadura
Tel: (21) 99871-8551
Instagram: mulherestransformadasbr
A relação entre as mulheres e seus cabelos tem uma história ancestral. No período da escravização, as tranças feitas nos cabelos das mulheres eram uma estratégia para guardar comida e alimentar o seu povo. Nos dias atuais, a trança segue sendo um símbolo de resistência e de união entre as mulheres negras.
A história de Teresa Cristina retrata um cenário de resistência, onde ela precisou encontrar na sua arte de trançar cabelos a força para empoderar a si mesma e servir de inspiração para outras mulheres. Muito antes de pensar em empreender, aos 14 anos, sem saber cuidar dos seus cabelos, Teresa relata que sofreu preconceito: “os olhares com minha aparência eram de muita indiferença”.
Teresa decidiu ressignificar sua trajetória e fez da sua dor combustível para seguir em frente. Um dia, ela começou a fazer penteados e a trançar o próprio cabelo, o que chamou a atenção de outras meninas a sua volta que, imediatamente, recorreram à então adolescente para cuidar de suas madeixas também, “olhando para dentro de mim, consegui olhar para essas mulheres, olhar para essas jovens.”
Nascia ali uma nova história, “hoje entendo que é a minha missão, pois queria que outras pessoas também tivessem esse mesmo sentimento de transformação”. Ao praticar o autocuidado, Teresa tornou-se referência para mulheres que a procuram, não só para cuidar da própria aparência, mas para pedir conselhos profissionais e pessoais e desabafar sobre suas dores mais obscuras.
O Espaço Teresa Cristina, um salão de beleza em seu terraço, tornou-se pequeno para atender às necessidades das clientes, que ultrapassaram as barreiras da vaidade. Por isso, em 2018, a empreendedora e ativista decidiu criar o Projeto Mulheres Transformadas BR, levando seu projeto de transformação a comunidades, igrejas, associação de moradores, entre outros lugares.
Seu compromisso com esse projeto social é gerar autonomia, empreendedorismo feminino, cursos de capacitação, renda extra e oferecer oportunidade de primeiro emprego “para elas trabalharem e pararem de olhar onde estão, para perceber para onde podem ir”. Além disso, em suas conversas diárias com as participantes, Teresa enfrentra e promove conscientização sobre pedofilia e diversos abusos sofridos por essas mulheres.
Há alguns anos, conheceu a ASPLANDE por meio de outra empreendedora do projeto que também trabalha para empoderar outras meninas e mulheres negras, a Gê das bonecas. Teresa conta que “foi um divisor de água, minha visão mudou sobre o que eu era capaz”, pois viu que não estava sozinha na sua luta como mulher empreendedora e ativista. Ela pode sentir pela experiência de troca que “é a mesma direção, a mesma veia, a mesma pulsação; é o empreendedorismo, o crescimento, romper as barreiras, fazer pontes e avançar!”
Escrito por Luiza Araújo, voluntária da Asplande