O poder avassalador de uma super-heroína do mundo real
Muito se esperou e muito foi falado sobre o lançamento cinematográfico da Marvel: Capitã Marvel. Críticos cinematográficos, fãs, sites de cultura pop e inúmeros admiradores esperaram ansiosamente até o grande dia da estreia. Mas nem tudo são flores no mundo dos super-heróis. Os fãs dos quadrinhos não ficaram surpresos com a escolha da protagonista do filme, a belíssima Brie Larson que atuou brilhantemente no filme dirigido por Lenny Abrahamson “O quarto de Jack”, mas sim com as declarações feitas pela atriz que é feminista e luta a favor dos diretos das mulheres e das minorias pelo mundo.
Larson nunca escondeu suas opiniões sobre assuntos como a falta de diversidade na imprensa e a forma como mulheres são tratadas na indústria do cinema. Durante um evento que é dedicado a presença feminina no cinema, meses antes da estreia do atual aclamado Capitã Marvel, Larson deixou claro que o que importa para ela é saber o que seus trabalhos significam para mulheres de cor, mulheres adolescentes de cor depois de ter sido questionada pelo fracasso das críticas do filme “Uma dobra no tempo”. É lógico que essa atual declaração não agradou majoritariamente o público masculino que aguardava ansiosamente pelo filme da super-heroína.
Os posicionamentos contra o filme foram categóricos. Inúmeros usuários em redes sociais criticaram a atriz pelas suas declarações e homens juraram boicote ao filme. Mas a única coisa que teve sucesso diante de uma avalanche de críticas e julgamentos foi a própria produção cinematográfica, que no primeiro final de semana de exibição faturou US$ 153 milhões apenas nos Estados Unidos e US$ 455 milhões mundialmente, a segunda maior de todos os tempos para um filme de super-heróis, batendo novos recordes. Estima-se que a aventura da super-heroína dos anos 90 ainda irá alcançar números exorbitantes nas bilheterias mundiais.
A questão da diversidade em Hollywood é um problema ainda grave para a sociedade. Um estudo da Universidade do Sul da California (USC, na sigla em inglês), divulgado em julho de 2018, analisou o avanço da inclusão de minorias na indústria durante a última década e seus resultados não foram satisfatórios. Na maior parte das grandes e mais populares produções os protagonistas são sempre homens brancos e héteros, que não condiz com a realidade da maior parcela da população mundial. A tentativa de calar Capitã Marvel é um reflexo da sociedade em que vivemos. Uma sociedade que não está pronta para aceitar mulheres e minorias em posição de destaque. Atrizes como Regina King, Janet Hubert, Leslie Jones que denunciaram atitudes racistas e produtoras de grande sucesso e prestígio como Shonda Rhimes. Reese Witherspoon, Jennifer Lawrence, Mila Kunis que divulgaram ao mundo em relatos escabrosos sobre o que sofreram por conta do machismo. Além dessas atrizes, e atores também, inúmeras outras no decorrer dos anos já relataram abusos e situações constrangedoras decorrentes a essas formas de pensamento degradantes.
Por mais que o processo de aceitação da diversidade nas telonas não seja algo rápido, os avanços estão acontecendo. Desprezar o impacto das diferenças e os diversos estilos de vida que temos em todo o globo terrestre não é a melhor opção para o cinema. Em suma, a valorização das etnias, raças e gêneros irá ecoar nos elencos das produções Hollywoodianas pelos próximos anos. O que incomoda o público “politicamente incorreto”, mas se incomoda é por que estamos no caminho certo.
Por Ed Zahida, jornalista e voluntário da ASPLANDE. Contato: edzahida@gmail.com