Retrato de Maria Elizabeth
Nome: Maria Elizabeth Araújo
Negócio: Gostinho de Vó
Área do negócio: Gastronomia
Bairro/Município: Jardim Olímpo – Duque de Caxias RJ
Contato: (21) 98108-7460
Maria Elizabeth Araújo tem 53 anos, é casada, tem dois filhos e uma netinha. Moradora do bairro Jardim Olímpo, em Duque de Caxias, possui ascendência portuguesa, e graças à cultura farta de sua ancestralidade, adquiriu gosto pela culinária portuguesa.
Criada na Ilha do Governador pelos avós, começou a trabalhar ainda muito jovem. Desde pequena, ela sempre teve uma relação muito boa com a avó, alternando sua estadia entre a casa dela e a dos pais, aos finais de semana. Ao lembrar da avó, conta que a mesma trabalhava como caseira, enquanto deixava a neta sentada na varanda, brincando com panelinhas e frutinhas para fazer “comidinhas” pois, desde aquela época, Maria Elizabeth já gostava de cozinhar. Maria costumava subir em árvores com os primos para tirar frutas e ajudar a avó a fazer delícias de compotas e geleias. Sua tia “Lucinha” uma das pessoas que também a inspirava na cozinha, lhe ensinou a fazer Baião de dois e até hoje, faz bolos para encomendas. Além da tia, sua mãe também tinha a “mão cheia” para preparar massas, fazendo pães, pães recheados e qualquer outro tipo de massa. Aos dezesseis anos de idade, Maria ajudava na arrumação da casa, além de cuidar dos irmãos. Mesmo com tantos afazeres, ela sempre queria estar na cozinha.
Quando ajudava nas tarefas, a mãe sempre a deixava preparar almoço, a refeição que ela mais
gostava de cozinhar. Ela fazia o almoço e lanche, e aproveitava os finais de semana para preparar pães recheados. Maria recorda que sempre observava a avó preparar um banquete com geleias, compotas e doces que davam água na boca, principalmente o famoso pão do sol, o qual crescia coberto com um pano de prato, sempre assado na brasa com sardinha portuguesa e muito azeite, recorda a cozinheira.
Alguns anos depois, Maria Elizabeth foi trabalhar em Duque de Caxias, onde conheceu o seu atual esposo. A cozinheira conta que sempre gostou de trabalhar, mesmo com filho pequeno, nunca deixou de ajudar nas despesas de casa. Além do ramo da gastronomia, a mesma já atuou no ramo de ferragens, ferramentas e madeireira com o seu pai, além de ter ingressado em confecção como gerente, vendedora e supervisora em uma loja.
O seu âmbito profissional sempre foi o empreendedorismo, visto que a mesma sempre realizou as suas vendas de porta em porta. Durante algum tempo, Maria Elizabeth ajudou o seu esposo e sogro, fazendo comidas regionais na panela de barro, até criarem o seu próprio estabelecimento com a ajuda de familiares e amigos. O nome do negócio foi chamado de “Bar dos amigos”, o qual era frequentado por comerciantes e suas famílias, além de amigos da prefeitura. O cardápio da semana trazia um prato especial, com iguarias da comida caseira, como a comida da panela de barro, dia de massas, peixe, churrasco e o dia dos petiscos. Contudo, por motivos de doença, Maria Elizabeth teve que se ausentar do bar para cuidar da saúde, mas sempre que podia, terminava por reunir a família, amigos e parentes para celebrar os bons momentos em família e trazer à mesa as suas receitas caseiras.
Sua história com a Asplande, se iniciou em 2018, através da Economia solidária e Sabores do Rio, a qual teve a oportunidade de tornar o seu trabalho público, participando do festival “WOW – Mulheres do Mundo”. Foram momentos em que ela teve a oportunidade de estabelecer trocas de aprendizado e muito conhecimento. Atualmente, Maria mora na Tijuca, mas sempre que pode, a empreendedora vende seus quitutes na feira da Roberto Silveira, em Duque de Caxias, como doces, bolos e pães artesanais, tanto na linha tradicional, quanto na especial (diet/fit/vegano/sem glúten e lactose). Ademais, trabalha como chef em casa, fazendo pequenas reuniões, todas relacionadas a gastronomia. “Em casa, todos cumprem o seu papel, sendo na parte do transporte dos alimentos ou na embalagem, porém, quem põe a ‘mão na massa’, sou eu”, conta Maria Elizabeth, ao mencionar a ajuda da família em suas vendas.
Porém, Maria afirma que, mais a frente, pretende se qualificar em panificação e outros cursos de gastronomia. Ela conta que uma das suas maiores dificuldades, é a de apresentar os seus produtos e encontrar embalagens sustentáveis, que tragam visualização a eles, já que os produtos não possuem nenhum tipo de conservante, são totalmente artesanais e perecíveis. Por conseguinte, se dispõe de um cuidado com a preparação dos produtos, utilizando leites vegetais, frutas e legumes frescos e preparando os produtos sempre um dia antes das vendas.
Por ter que trabalhar desde muito cedo, Maria Elizabeth acabou por não concluir os seus estudos. Há pouco tempo, ela fez ENCEJA, e pretende fazer o ENEM em 2020, no intuito de cursar uma faculdade de gastronomia ou engenharia de alimentos, pois acredita que nunca é tarde para começar.
Ela conta, que nascer em uma família rodeada de mulheres, foi um grande exemplo para ela, já que essas mesmas mulheres, que sempre gostaram de cozinhar, sempre foram um incentivo para ela, as principais “causadoras” que a fizeram adentrar no ramo da gastronomia.
Por Hemily Gonçalves, estudante de Jornalismo e voluntária da Asplande.