Retrato de Janaína Ribeiro

Nome: Janaína Ribeiro
Negócio: Artesanato com materiais reciclados
Área do Negócio:  Artesanato bolsas e acessórios
Bairro/Município:  Cosmos / Rio de Janeiro
Contato: (21) 96441-6981

 

Janaína Ribeiro é artesã experiente. Moradora da Zona Oeste do Rio de Janeiro, tem 56 anos, três filhos e uma neta, e acredita na realização pessoal por meio do trabalho que se faz com prazer.

Sua história com trabalhos manuais começou cedo, mas, até chegar ao mundo do artesanato, Janaína passou por muitas dificuldades durante sua trajetória. Casou-se jovem e seu marido não permitia que ela trabalhasse fora, entretanto, Janaína costurava e frequentava cursos gratuitos de artesanato, oferecidos pela Igreja Batista Ricardo de Albuquerque, em Guadalupe. Lá, ela aprendeu a fazer crochê e conheceu outras técnicas de trabalhos manuais.

Com a morte do marido, quando sua filha Uiara tinha apenas quatro meses, precisou sustentar a casa sozinha e, por algum tempo, o artesanato foi sua única fonte de renda. Nos anos 80, com a febre dos chinelos de crochê, seus produtos lhe renderam “muito dinheiro”. Após esse período, trabalhando como copeira no Arquivo Nacional, ela fazia bijuterias nas horas vagas e as vendia junto aos colegas de trabalho, complementando sua renda.

Mais adiante, com os filhos do segundo casamento, Tuane Kimberli e o Rhuan Levy, teve que se afastar do artesanato para cuidar das crianças e de sua mãe. Nessa etapa de sua vida, Janaína viveu períodos conturbados, de muito trabalho e muitos problemas. Separou-se do marido e voltou a trabalhar fora, desta vez em um hospital, onde não tinha a oportunidade de fazer artesanato, o que lhe fazia falta. O estresse tomou conta de Janaína e ela acabou por entrar em depressão. Teve síndrome do pânico e se afastou do trabalho em licença médica pelo INSS.

Durante seu processo de recuperação, Janaína retomou o artesanato e foi daí que veio a sua cura. Convidada por sua amiga Eloí, frequentou um curso no Sindicato de Professores em Campo Grande, local das reuniões da Rede de Mulheres da Zona Oeste, e lá conheceu Dilma e Ana, que gostaram dos trabalhos que ela desenvolvia e a aconselharam a frequentar as reuniões da Rede, promovidas pela Asplande.

Aceitando o convite, encontrou Paulo, que havia sido seu colega no curso de Ciências Sociais na FEUC (Fundação Educacional Unificada Campograndense), e outras pessoas que a incentivaram a investir no sonho de ter o artesanato como fonte de renda. Ela chegou a fazer parte da feira de artesanato de Campo Grande.

Finalmente, percebendo que poderia ajudar as crianças do seu bairro ensinando o que sabia, começou a desenvolver atividades artesanais com elas, utilizando materiais reciclados, de baixo custo e de grande benefício para o ambiente, visando a redução do lixo. Hoje, ela trabalha com cerca de 25 crianças e adolescentes, moradores do bairro do Cosmos, e utiliza materiais como caixas de leite, calças jeans usadas e discos de vinil para fabricar bolsas, porta absorventes e outros objetos pessoais de muito bom gosto.

A receita de Janaína com o artesanato não é grande, mas, controlando as despesas e com a ajuda de Uiara, hoje com 35 anos, ela segue trabalhando com prazer e ajudando na formação das crianças. A depressão desapareceu e Janaína não faz mais uso de medicamentos antidepressivos há dois anos.
Para outras artesãs, Janaína deixa o recado de que “Vale a pena investir nos sonhos de vida, apostar no que se sabe e gosta de fazer”.

 

Por Maria Adelina Araujo, voluntária da Asplande.