Finanças pessoais e finanças empresariais

É muito comum o empreendedor cometer um erro básico: misturar finanças pessoais e finanças da empresa. É um movimento muito natural, principalmente quando se inicia um negócio, onde não há geração de receita suficiente para se manter e onde certamente ainda não foi possível a captação de investimentos.

Para que isso seja evitado, tudo começa com um planejamento financeiro adequado. É preciso estipular os gastos, inclusive com impostos e taxas. Desta forma, será possível manter um fluxo de caixa da empresa e ter controle do que são suas despesas recorrentes.

Quando o empresário não separa a conta física da jurídica, ele perde o controle financeiro do negócio. Não sabe o quanto tem para pagar fornecedores, funcionários e demais despesas ou quanto poderia reinvestir no negócio. Além disso, não consegue fazer a leitura correta de custos e receitas, o que pode levá-lo a determinar um preço de venda fora da realidade.
Esse procedimento é comum entre micro e pequenos empresários. Muitos dos que estão em situação de inadimplência podem ter cometido o erro de misturar as finanças pessoais com o caixa do negócio. Tem crescido o número de empresários com dificuldades de manter os compromissos financeiros em dia.

Assim é importante saber quanto você precisa de dinheiro para pagar suas despesas, para que sua empresa possa te pagar, pois este valor tem que entrar nos custos da empresa. Quanto você precisa para viver? Já pensou nisso?

Ficam algumas dicas:

O primeiro passo para sua organização financeira é saber qual o lucro real do seu negócio por mês e quanto você gasta com despesas pessoais. Para isso, a dica é construir duas tabelas, individualizando em uma os gastos da empresa e na outra os seus gastos pessoais. Não se esqueça de incluir todas as despesas, desde a escola dos filhos aos honorários do contador de sua empresa. Comece cuidando das suas finanças pessoais, anotando todas as suas despesas com habitação, alimentação, higiene, saúde, educação, enfim, só assim saberá o valor que precisa para pagar suas contas.

Faça um orçamento pessoal, com suas receitas e despesas, assim vai saber para onde está indo seu dinheiro.
Faça um orçamento para sua empresa, com todas as entradas e saídas de dinheiro, incluindo a sua retirada.
É preciso ter uma conta corrente em nome da empresa? Bem, a resposta é sim! Apesar de não ter uma legislação que determine isso, isso é muito recomendado. Justamente para que você possa segregar a pessoa física e a pessoa jurídica, que é a empresa. Todas as transações que passam pelo extrato devem ser identificadas, qual o cliente, qual a nota fiscal, qual o serviço que foi prestado, então é importante para ter esse controle do seu dia a dia e manter a sua empresa em dia.

Controle seu fluxo de caixa: É importante também que você não deixe o caixa zerado. Existem despesas que são futuras e por isso você precisa manter um caixa mínimo para a empresa. Um exemplo são os tributos, então empresas que são do Simples Nacional, por exemplo, vão pagar o tributo em uma única data, no dia 20 do mês subsequente. Já empresas do Lucro Presumido podem ter tributos a serem pagos referente a uma nota até 3 meses à frente.

É altamente recomendado que você estabeleça um valor de pró-labore para que você tenha uma retirada mensal. Isso vai influenciar na relação entre finanças pessoais x finanças empresariais. O pró-labore vai ser definido de acordo com a sua necessidade, de quanto você quer contribuir com o INSS para fins de aposentadoria também. É importante que você tenha um valor pré-estabelecido.

Utilizando a pessoa jurídica da empresa é possível contratar serviços essenciais para o seu negócio com planos muito mais baratos que os disponíveis para pessoas físicas. Há planos corporativos para celular, telefone, internet e até mesmo linhas diferenciadas de crédito para pessoa jurídica. Além disso, você deve conhecer bem os serviços oferecidos pelo seu banco, para aproveitar os melhores benefícios.
Se você não se sente seguro para fazer um controle das finanças sozinho, contrate um funcionário de confiança para isso ou invista em tecnologia. Há algumas opções de software de gestão de fluxo de caixa e também de aplicativos que possibilitam um controle eficaz dos gastos. Outra saída é buscar cursos de finanças e fluxo de caixa, ou um profissional com expertise na área financeira para lhe ajudar nessa caminhada.

 

Por Andrheya Brasil Dória. Administradora, com MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela FGV. Tutora Presencial nos cursos de graduação em Administração, Ciências Contábeis e Superior Tecnólogo em Gestão Financeira na Anhanguera Educacional. Educadora e Planejadora Financeira Pessoal, associada à PLANEJAR – Associação Brasileira dos Planejadores Financeiros. Mentora de Negócios associada a ABMEN – Associação Brasileira de Mentores de Negócios. Fundadora da empresa Capital do Bem – Educação Financeira & Empreendedorismo.
E-mail: andrheyadoria@yahoo.com.br
https://www.linkedin.com/in/andrheya-dória-0b808533