Retrato de Norma Maria de Carvalho
Nome: Norma Maria Oliveira de Carvalho
Negócio: Norma Fer
Área de negócio: Artesanato, crochê e tie dyes
Município: Belford Roxo, Rj
Norma Maria tem 64 anos, é artesã, viúva, mãe e avó. Nascida e criada no Rio de Janeiro, mais especificamente no bairro de Belford Roxo, sua trajetória com o artesanato começou muito cedo, com a sua mãe trabalhando em casa e colocando-a para ajudar com os produtos que fabricava.
Mais tarde, Norma iniciou os estudos com o crochê e o artesanato e após um certo tempo, começou a trabalhar no clube de mães da comunidade da Igreja Católica, localizada em Heliópolis, em Belford Roxo. De lá entrou para o clube da economia solidária, sempre dando visibilidade ao seu trabalho artesanal através de suas exposições.
O trabalho manual de Norma é realizado em casa, onde ela faz toalhas, artesanato e o enxoval da igreja, além de apoios para pescoço, copa para toalhas de bordados, fitas, capas de óculos, entre outros. No começo de sua carreira com o artesanato sofreu preconceito e discriminação na família e fora de casa. O primeiro episódio de hostilidade que vivenciou foi um choque, e aconteceu por um motivo banal. Ela relata que, durante uma aula de artesanato, no Senai Cetiqt, por falta de variedades nas cores de lã, acabou por fazer um cachorro vermelho. Para as pessoas, aquilo era inaceitável e pediram para que ela fosse expulsa ou retirada da turma.
No dia da exposição, o cachorro vermelho teve tanta repercussão positiva entre as crianças, que algumas delas pediram um igual, e ela fez os tie dyes com a imagem dele. A partir desse momento as pessoas que achavam a sua maneira de trabalhar esquisita tiveram uma grande surpresa, mesmo com os olhares de preconceito e exclusão. Tal fato lhe gerou uma nova percepção, pois o trabalho feito com uma cor diferente a ensinou a ser diferente. Hoje, seus tie dyes são apreciados e comprados por suas colegas da Asplande, e fazem muito sucesso.
O aprendizado técnico obtido a partir do curso realizado no Senai Cetiqt a ajudou a aprimorar os seus conhecimentos, tornando-a cada vez mais capaz. Apesar de fazer trabalho artesanal, Norma não gosta de se expor devido ao preconceito vivenciado, mas ela se considera uma artista, sempre manuseando seus tie dyes e tendo como principal referência o seu cachorro vermelho.
Atualmente a artesã realiza trabalhos voluntários na Creche São Judas Tadeu – Pastoral da Criança, familiar e pastoral do batismo, além de dar aulas como explicadora do CA à 4° série na Escola Arca de Noé; em casa dá aulas de alfabetização para adultos acima de quarenta anos. Também faz trabalhos voluntários na Legião da Boa Vontade, onde ajuda nas obrigações da Organização e é madrinha de algumas das crianças.
Ao final da entrevista, ela deixa um recado para os demais empreendedores: “Não se intimidem como eu me intimidei, por ser a filha mais velha e ter mais responsabilidades, porque por causa da intimidação deixamos a oportunidade passar. Então coloque o seu sonho em prática e não tenha o mesmo medo que eu tive, porque depois de muito tempo eu dei a cara à tapa e graças a Deus estou aqui, firme e forte até hoje!” declara, com orgulho estampado no rosto.
Por Hemily Gonçalves, estudante de Jornalismo e voluntária da Asplande.