Slow Food
Slow Food é uma associação internacional, sem fins lucrativos, que possui a missão de dar o justo valor a comida, respeitando quem a produz, o meio ambiente e os ecossistemas, através da sabedoria que os territórios e as tradições locais detêm.
Dia após dia, a Slow Food trabalha para promover uma alimentação que seja boa, limpa e justa e prioriza essas características pelas seguintes razões:
Alimento Bom: porque o sabor e aroma do alimento é fruto da competência do produtor e da escolha de matérias-primas e métodos de produção, que não devem alterar a naturalidade do produto;
Alimento Limpo: porque o ambiente tem que ser respeitado e a produção do alimento deve seguir práticas sustentáveis e proteger os ecossistemas e a biodiversidade, salvaguardando a saúde do consumidor e do produtor;
Alimento Justo: porque a Slow Food busca a justiça social através da criação de condições de trabalho respeitosas aos direitos do homem e com remuneração adequada; isso no respeito às diversidades culturais e às tradições.
A associação defende a comida verdadeira que não é mais vista simplesmente como uma mercadoria para obter um lucro, mas sim, como uma fonte sabedoria, que apresenta uma diversidade de receitas e sabores que a Slow Food vai compartilhando com o mundo através de eventos e iniciativas.
Além disso, ela atua de forma a valorizar a cultura gastronômica local, engrandecendo as tradições populares existentes por trás de um produto e de uma receita, assim como os produtores e territórios que são importantes e devem ser respeitados e representados.
O fundador da Slow Food é Carlo Petrini, que em 1986 estabeleceu esse movimento como uma alternativa à vida e à comida ‘fast’ que estavam começando a surgir na Itália naquela época. A partir dos anos noventa, a associação se fortaleceu e começou a implementar as atividades que continuam até os dias de hoje.
A partir de 1994, são inaugurados os Laboratórios do Gosto, que objetivavam o aprendizado, a descoberta e a degustação de produtos artesanais diferentes. Pouco tempo depois, em 1996 começam as edições do Salão do Gosto, um evento gastronômico que acontece em Turim e reúne produtores e artesãos do setor agro-alimentar para compartilhar experiências e sabores autênticos.
Outro projeto importante, que tem início em 2000, é o chamado Fortalezas Slow Food, que permite intervenções específicas em defesa e suporte de pequenas produções tradicionais que estão correndo risco de desaparecerem por não conseguirem se inserir no mercado. As Fortalezas Slow Food e a Arca do Gosto (um grande catálogo mundial que reúne todos os sabores tradicionais em risco), são suportados financeiramente pela Fundação Slow Food que defende, desde 2003, a soberania alimentar e a biodiversidade.
Enfim, em 2004 começam os encontros de Terra Madre, nos quais participam artesãos, pescadores, pequenos produtores agrícolas e também chefes e acadêmicos do mundo inteiro, para celebrar a comida e compartilhar as sabedorias locais para que possam se tornar globais.
Nos dias de hoje, a Slow Food se tornou uma verdadeira associação internacional, que implementa seus projetos em todos os lugares do mundo. No Brasil, por exemplo, foram desenvolvidas várias iniciativas em defesa de produtos locais como a ‘Campanha Internacional em Defesa dos Queijos de Leite Cru’ que defende as tradições de produção e transformação do leite e do queijo, e também a iniciativa ‘Slow Fish Brasil’ em defesa da pesca artesanal. Além disso, a Slow Food Brasil desempenhou uma campanha contra a grilagem da terra e uma campanha contra os alimentos geneticamente modificados para a preservação da biodiversidade e a tutela dos trabalhadores rurais mais vulneráveis.
Por Francesca Maines. Italiana, estudante de mestrado em Desenvolvimento, estagiária da Asplande.